sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O poder da mídia

O episódio envolvendo o agora ex-ministro Orlando Silva revela que em um momento de volume inédito de informações à disposição do público é possível que nunca o cidadão brasileiro tenha estado tão mal informado. É um paradoxo dos nossos dias. E um problema para todo mundo.




Os grandes meios de comunicação têm desempenhado com competência o papel de desinformar. Para quem tem a necessidade de decidir, basear-se em informação errada, distorcida, viciada ou simplesmente falsa significa, freqüentemente, tomar decisões equivocadas ou deixar de tomar decisões certas.
A conseqüência, na vida real, é, para muitos, a perda de rumo, de oportunidades e eventualmente da própria perspectiva. Há algum tempo, a Folha de S. Paulo publicou uma sugestiva carta de um leitor. "Desculpe, mas acabou a minha capacidade de absorver só notícias negativas. A Folha há muito deixou de praticar um jornalismo investigativo e entrou firme no jornalismo denunciativo, que não leva a nada", disse ele.
O leitor estava comunicando a perda da paciência com um determinado tipo de jornalismo. Ele não é o único nem a Folha de S. Paulo a única publicação a colocar como prioridade de sua estratégia editorial a busca do pior em tudo. A má informação na mídia brasileira se manifesta de diversas maneiras, mas seu foco mais visível está na obsessão de apresentar um quadro de catástrofe terminal para o governo.
A mídia raramente consegue ver uma nuvem sem logo anunciar uma inundação. A overdose de denúncias, acusações e condenações sumárias resultantes disso acaba por provocar sérias distorções na qualidade de informação que o público recebe. Não que a realidade brasileira seja maravilhosa — e ninguém diz isso. Ela é apenas diferente da realidade traçada pela mídia.
Hoje, para a mídia, a realidade é só aquilo que aparece em seu noticiário — o que está lá existe; o que não está não existe. Isso é claramente percebido em certas entrevistas. Responder às perguntas de determinados jornalistas, hoje, vai se tornando um exercício cada vez mais parecido com uma partida de xadrez, onde é necessário antecipar os três ou quatro lances seguintes do adversário.

Soldado

A pergunta não é simplesmente uma pergunta: muitas vezes é uma armadilha destinada a extrair alguma declaração que será usada contra o entrevistado nas perguntas à frente. A pessoa que está sendo inquirida precisa, assim, calcular cuidadosamente tudo o que diz. Se disser A, será perguntada adiante a respeito de B ou C; se disser Y, abrirá espaço para que lhe perguntem sobre X ou Z, e assim por diante. Entrevistas supostamente jornalísticas se transformam em interrogatórios.
O fato é que muitos jornalistas, quando se dirigem a alguém, não querem realmente obter uma informação. Querem apenas obter alguma forma de confirmação ou justificativa para aquilo que já decidiram divulgar — por já terem decidido, seguindo a lógica da mídia, que sua visão pessoal das coisas equivale à realidade.
Declarações, fatos ou números que se contraponham a ela são ignorados; só é levado ao público o que combina com aquilo que esse tipo de jornalista quer dizer. As acusações, convenientemente, baseiam-se em fontes anônimas. E, quando a mídia tenta apresentar testemunhas capazes de provar alguma coisa, tudo o que aparece são obscuros personagens que não testemunham nada e dizem, no fundo, apenas ter ouvido falar da história — como faz esse soldado banda podre e astro da mídia, João Dias. Mas isso não é suficiente para coibir o frêmito acusatório.

Desafio

O controle da liberdade de imprensa no Brasil pelo poder econômico está alicerçado nos princípios do golpe de 1964 — promovido pelos grupos privados para assaltar o Estado e moldá-lo à sua imagem e semelhança. Os grupos que controlam com poderes ditatoriais a liberdade de expressão no Brasil pretendem controlar, ao mesmo tempo, as verbas publicitárias, o trabalho dos jornalistas, os meios audiovisuais de comunicação, a produção cultural, as informações prestadas por funcionários federais, os sigilos bancário e fiscal dos cidadãos e as ações do Ministério Público. A conclusão é inescapável: os grupos que controlam a mídia brasileira fogem da democracia como o Diabo da água benta.
Esse episódio fez ressaltar no panorama brasileiro uma séria distorção na democracia. Liberdade de expressão não é um direito hierarquicamente superior aos demais direitos e garantias individuais e coletivas. Na Constituição está no mesmo patamar o direito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pessoas. Todos igualmente invioláveis e indispensáveis.
É preciso haver um equilíbrio entre eles. A defesa da liberdade de expressão exige protegê-la contra abusos como estes. Na democracia, são tarefas conciliáveis. O desafio é enfrentar essa distorção. Esse debate pode ganhar densidade se começar a abordar com ênfase a importância de democratização da comunicação, com meios públicos e veículos de massa dos partidos progressistas e das entidades populares.

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Editor do Grabois.org.br

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Tudo errado: quando uma mídia comprovadamente corrupta derruba um ministro suspeito


Antonio Mello, em seu blog

Mesmo sem apresentar provas, mídia desonesta derruba Orlando Silva. Quem será o próximo? Melhor, quem derrubará a mídia?
As corporações midiáticas apostaram tudo na derrubada do ministro. Orlando Silva bateu pé e se defendeu. O PC do B o apoiou. Mas o PIG repicou, e o ministro caiu. Mesmo que a situação estivesse mais favorável a ele hoje que na sexta-feira, quando a presidenta o confirmou no cargo.
De lá pra cá, o que aconteceu? O STF mandou o Procurador-Geral trazer provas contra o ministro, além de recortes de jornais e revistas (sic). A Veja, que apresentaria provas, nada mostrou. O policial denunciante (mais sujo do que pau de galinheiro, acusado ou suspeito de ene malfeitos - até de assassinato) também disse à Polícia Federal que não tinha provas contra o ministro a quem acusara. Hoje à tarde faltou a um depoimento na Câmara com a cínica alegação de que o pedido de demissão do ministro (que não havia sido feito) esvaziaria seu depoimento.

Manifesto em apoio ao PCdoB

Os que assinam esta nota vêm a público denunciar a onda de histeria macarthista deflagrada nos últimos dias contra o Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Alimentada por preconceitos antidemocráticos, que pensávamos já superados na vida política nacional, essa sórdida campanha visa a atingir todos os que lutam com dignidade e coragem pelo desenvolvimento do Brasil e pela justiça social.

Nos solidarizamos com o PCdoB, destacando sua longa história de luta e dedicação à defesa da democracia, da soberania nacional, do socialismo e dos trabalhadores. Essa trajetória é marcada pelos compromissos com a lisura e com a causa pública. Reafirmamos que, numa ordem democrática, a leviandade da acusação sem provas e sem direito de defesa constitui grave violação do Estado de Direito.

São Paulo, 25 de outubro de 2011.


Assinam:

João Quartim de Moraes – Prof. Doutor Filosofia Unicamp

Luiz Gonzaga Belluzzo – Prof. Doutor Economia Unicamp

Olival Freire Jr. – Pós-Doutor em Física, historiador da ciência USP e UFBA

Luis Fernandes – Prof. Doutor Relações Internacionais PUC-Rio e UFRJ

Aldo Rebelo – Jornalista, escritor

Aloísio Sérgio Barroso – Doutorando em Economia Social e do Trabalho Unicamp

Aloísio Teixeira – Prof. Doutor e ex-reitor UFRJ

Dermeval Saviani – Pesquisador emérito do CNPq; professor emérito Unicamp

Marcio Pochmann – Prof. Doutor, Livre Docente Economia Unicamp

Francisco Carlos Teixeira – Cientista Político, Prof. Doutor UFRJ

Carlos A. Barbosa de Oliveira –Prof. Doutor Economia Unicamp

Marly Vianna – Profa. aposentada UFSCAR e Faculdade Universo RJ

Frederico Mazzucchelli – Prof. Doutor Economia Unicamp

João Sicsú – Economista, professor UFRJ

Armen Mamigonian – Prof. Livre Docente FFLCH-USP

Heloisa Fernandes – Socióloga, Profa. Doutora USP

Mary Garcia Castro – Profa. Doutora UCSAL; pesquisadora FLACSO Brasil

Luiz Martins de Melo – Prof. Doutor Economia UFRJ

Elisângela Lizardo – Presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos

João Carlos Salles – Filósofo UFBA

José Carlos Assis – Professor, Economista, Escritor

Aloisio T. Miranda – Médico, vice-presidente Conselho Federal de Medicina

José C. Lombardi (Zezo) – Prof. Doutor Educação Unicamp

Carlos E. Mendes Gouveia – Professor UniSantos e IFET/Cubatão

Madalena G. Peixo – Profa. Doutora Educação PUC–SP

Olgamir Amancia Ferreira – Mestre e Doutora Políticas Públicas e Gestão da Educação; Professora adjunta FUP/UnB

Meire Rose – Doutoranda, Profa. Geografia UFMT

Jose Ricardo Figueiredo –Prof. Doutor Engenharia Unicamp

Ricardo Moreno – Prof. História UFBA e doutorando UFF

Claudio Augusto Silva Gutierrez – Prof. Doutor Educação Física e Formação Humanística UNISINOS

Carlos José Espíndola – Prof. Doutor CFH-UFSC

Isa De Oliveira Rocha – Prof. Doutor UDESC

José Messias Bastos – Prof. Doutor CFH-UFSC

Nereide Saviani – Profa. aposentada PUC-SP e profa. UniSantos

Marcos Aurelio Da Silva – Prof. Doutor CFH-UFSC

Fabio Napoleão – Prof. Doutor UDESC

Graciana Vieira – Prof. Doutor UDESC

Marta Luedemann – Prof. Doutora UFAL

Fernando Sampaio – Prof. Doutor UNIOESTE

Verônica Bercht – Bióloga, jornalista, editora

Marcelo P. Fernandes – Prof. Doutor Economia UFRRJ

Luiz C. Soares – Historiador UFF

Helena C.L. de Freitas – Profa. aposentada Unicamp

Ilka Dias Bichara – Profa. Doutora UFBA

Romualdo Pessoa Campos Filho – Professor do Instituto de Estudos Socioambientais UFG; secretário regional da SBPC-GO

Haroldo Lima – Engenheiro, ex-deputado Constituinte

Aldo Arantes – Advogado, mestre em Ciência Política UnB

Manoel Motta – Prof. Doutor Educação UFMT

Elias Jabbour – Doutor Geografia USP

Renildo Souza – Prof. Doutor Administração e Economia UFBA

Marlon Clóvis Medeiros – Prof. Doutor UNIOESTE

Eraldo Leme Batista – Doutorando Educação Unicamp

Eduardo Bomfim – Advogado, ex-deputado constituinte

Vandilson Costa – Advogado, ex-deputado estadual

Enio Lins – Jornalista, arquiteto

Maria Alba Correia – Mestra, Profa. Educação UFAL

Claudia Grabois – Advogada

Adalberto Monteiro – Poeta, escritor

Augusto Buonicore – Historiador

Leonardo Grabois – Médico

Oscarino Barreto Jr. – Especialista em Medicina de Família e Comunidade (MFC) / Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) / Associação Médica Brasileira (AMB)

José Noronha – Médico, gestor hospitalar

Walter Sorrentino – Médico, escritor

Victor V. Barroso – Médico, Especialista em Saúde Pública

Nelson Nahon – Médico, conselheiro e diretor (CREMERJ)

Maria Paula L. Vilhena – Médica, psicóloga

Bernardo Joffily – Escritor, tradutor, jornalista

Francisco Wellington Duarte – Prof. Economia UFRN e Doutor em Ciência Política

José Carlos Ruy – Jornalista, escritor

José Reinaldo Carvalho – Jornalista, editor do portal Vermelho

Rita Polli Rebelo – Jornalista

Dilermando Toni – Jornalista, escritor

André Cintra – Jornalista, escritor

Jandira Feghalli – Médica, deputada federal (PCdoB – RJ)

Carlos Alberto Oliveira Lima – Economista

Alberto da Silva Jones – Professor aposentado (UFV, UFBA E UFSC)

David Fialkow – Economista

Osvaldo Bertolino – jornalista, escritor

Mazé Leite – artista plástica

Fábio Palácio – doutorando em Ciências da Comunicação USP

Luciano Rezende – professor e Pesquisador do Instituto Federal de Alagoas;

Juares Ogliari - prof. doutor do Instituto Federal de Santa Catarina

Hugo Cortez Crocia Barros – pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco

Luiza B. Pereira – doutoranda em Sociologia do Trabalho UFRJ

Diogo V. Barroso – nutricionista, mestre em Esporte de Alto Rendimento

Álvaro Martins – professor Engenharia Elétrica e Engenharia de Segurança do Trabalho; Conselheiro do CREA-SP

Dimitri V. Barroso – biólogo, mestre em Ecologia Social Univ. Coimbra

João Barroso Filho – mestre em economia, prof. aposentado UFAL

Silvio Costa – prof. História PUC-GO

Diorge A. Konrad – prof. Doutor História Social do Trabalho UNICAMP; Professor adjunto Programa de Pós-Graduação História UFSM

Gilson Leão – consultor político

Antonio Carlos S. Miranda –Prof. Doutor Astrofísica Estelar; Adjunto da UFRPE

Lejeune Mirhan — sociólogo, escritor e arabista

Hildo C. Freire Montysuma — prof. Filosofia rede pública estadual (AC)

Ronaldo Carmona – mestrando em Geografia USP

Márcio J. G. de Jesus – prof. rede pública estadual (MA); História (UFMA)

Julio Veloso – mestrando Estudos Brasileiros USP

Felipe Maia – doutorando UERJ

Socorro Gomes – presidente do Cebrapaz

Almir Braga Filho – engenheiro civil e de Segurança do Trabalho

Maria A. Dellignhausen Motta – Poeta, coordenadora da Coleção "Ciranda de Letras" (Ed. Autores Associados) e militante ambientalista

Cristina Castro – Profa. Matemática da rede pública (Juiz de Fora)

Wellington Teixeira Gomes – Prof. Sociologia da rede pública (Belo Horizonte)

Celina Arêas – profª de Literatura (Belo Horizonte)

Wilame Gomes de Abreu – prof. PUC-GO; Mestre em Filosofia (USP)

Diego Almeida Monsalvo – professor e coordenador da Pastoral dos Pescadores de Santos

Durbens Martins Nascimento – doutor em Ciências: desenvolvimento socioambiental; diretor de Programas e Projetos de Extensão da Universidade Federal do Pará; Coordenador do Observatório de Estudos de Defesa da Amazônia (OBED)

Margarida Barreto – Médica, Doutora em Psicologia Social Rede Nacional de Combate à Violência no Trabalho

Messias Simão Telecesqui – Diretor do Sindicato dos Professores de Minas Gerais

Leocir Costa Rosa – Advogado militante, especialista em Direito do Trabalho

Rosemary Mafra Nunes Leite – Professora universitária e advogada; procuradora fiscal do Município de Governador Valadares; ex-presidente da OAB-MG, subseção Governador Valadares

Marilda Borges Neutzling – Profa. Doutora Medicina UFRGS

Patrícia Nogueira – Mestranda em Educação UFMT

Marco Eliel – Mestre em Ciências Sociais PUC MG

João Negrão – Jornalista, editor da revista BSB Brasil

João Vicente – Educador

Lavinia Rosa Rodrigues — professora da Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG

Paulo Tedesco — escritor, consultor editorial e professor
Professor em EAD da PUC e Studio Clio

Eneida Canèdo Guimarães dos Santos - Mestre em Sociologia - GT Mulher e Participação Política do Grupo de Estudos e Pesquisas

José Varella Pereira, ensaista e articulista – PA

Eline Jonas – Profa. Doutora Ciências Políticas e Sociologia PUC-Goiás

Donizeti Nogueira – Presidente estadual PT-Tocantins

Alexandre Rauh Oliveira Nascimento – Professor Instituto Federal MT, campus Barra do Garças

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

O Ministro e o bandido

Por Ricardo Moreno

Estive casado com Cacilda durante onze anos, e me lembro bem a forma emocionada com a qual certa vez ela se referiu à entrevista dada pelo ministro do Esporte a um canal de televisão. Lembrava do colega do ginásio, no Colégio Estadual João Florêncio Gomes, no Bairro da Ribeira, da construção do Grêmio Estudantil, algo marcante em sua juventude. Os olhos mareados da mãe dos meus filhos, Lucas e Jamile, a remetia ao menino preto, cheio de sonhos, que crescera nas ruas pobres do Lobato, subúrbio de Salvador.
Eu já conhecia Orlando da militância no PCdoB, e quando cheguei ao DCE da UFBa, o cara já estava na UNE, e logo se consagraria como o primeiro negro a ser presidente de uma das maiores instituições dos movimentos sociais do Brasil. Sempre que o encontrava, em Salvador, ele fazia questão de me perguntar da sua antiga amiga.
Pois bem, o jovem Orlando tornou-se ministro do Esporte, mas não apenas isso: o maior ministro do Esporte que esse país já teve. Organizou o vitorioso Pan do Rio, trouxe para o Brasil a Copa do Mundo e a Olimpíada, e com isso vem mobilizando muitos recursos, gerando empregos e promovendo melhorias nas grandes cidades brasileiras. Além disso, promoveu importantes iniciativas, como o projeto Segundo Tempo, com investimentos nunca antes vistos no desenvolvimento esportivo nacional. E tem enfrentado com coragem esquemas poderosos e viciados como os do futebol, por exemplo.
Fico imaginando o quanto o sucesso desse menino preto, pobre e comunista pode impactar na cabeça dos conservadores. O temor da revolução haitiana deve ser um fantasma que habita no inconsciente desta elite branca.
Vendo suas representações políticas cada vez mais isoladas e perdendo espaço, estas elites há muito vêm se agarrando desesperadamente em práticas facistas de comunicação, se aproveitando do monopólio privado da mesma, especialmente na TV, de grandes revistas e jornais para, por meio de campanhas difamatórias, tentarem desestabilizar o governo, desde Lula, e agora, mais intensamente, Dilma.
Para mirar seus estilingues em Orlando, escolheram a Veja, um quase panfleto que é editado nos quintais das casas de tucanos, e cuja ausência de ética e credibilidade pública é notória; por isso mesmo, despudorada e ideal para emitir lixo em forma de reportagem, sem nenhuma limitação em fazê-lo. E como acusador, lá veio um tal João Dias, um policial militar que estranhamente possui um BMW, um Camaro, uma Frontier, uma mansão de R$ 2 milhões e 11 processos nas costas, e que com os holofotes do sucesso garantidos pela mídia golpista, declara: “Não sou bandido, sou polícia”.
Mas o que passou desapercebido polos manipuladores do PIG é que Orlando representa a tradição de noventa anos de lutas populares em defesa das mais avançadas bandeiras desta País. Como diz uma frase lançada na campanha em solidariedade ao ministro, são noventa anos e não noventa dias, esse Partido Comunista do Brasil.
Surpreendendo a todos, Orlando se apresentou imediatamente, e voluntariamente, ao Congresso Nacional, abriu o seu sigilo fiscal, bancário e telefônico. Solicitou que a Procuradoria Geral da República, o Ministério da Justiça, a Polícia Federal e a Comissão de Ética Pública da Presidência investiguem todas as denúncias de desvio de dinheiro público e corrupção, também se colocou à inteira disposição da Câmara, do Senado Federal e do Tribunal de Contas da União para prestar todos os esclarecimentos necessários. É como disse a minha amiga Olivia Santana: "quem não deve, não teme".
Enquanto isso, o bandido posudo de acusador fugia de prestar depoimento à PF alegando problemas de saúde. No entanto, o deputado Delegado Protógenes (PCdoB-SP) pediu às comissões de Turismo e Desporto e de Fiscalização e Controle que encaminhem um ofício à Polícia Federal informando o comparecimento do mesmo João Dias a uma reunião no gabinete da liderança do PSDB, sem apresentar problema de saúde algum. O militar está envolvido num esquema de desvio de recursos do programa Segundo Tempo comandado pelo Ministério do Esporte.
Além disso, o militar anuncia ter provas do envolvimento de pessoas do ministério, mas não as apresenta. Protógenes cobrou que caso as ditas provas existam, elas precisam ser apresentadas rapidamente à Polícia Federal, instituição que tem a responsabilidade de investigar denúncias contra ministros de Estado e capacidade técnica para periciar provas.
Pois é, mexeram com o vespeiro errado, apoiados em uma bengala torta. Vendo a coragem e firmeza de Orlando, sinto um imenso orgulho de ser comunista, mas tenho certeza de que este ainda não alcança o tamanho do orgulho que Cacilda deve estar sentindo daquele seu velho amigo!
Ricardo Moreno é professor de História UNEB; doutorando em História UFF e editor da Revista Dialética (www.revistadialetica.com.br)