segunda-feira, 28 de junho de 2010

O DEM em crise de identidade


Desentendimentos e falta de perspectivas expõe fraturas do velho aliado tucano

Por Douglas Yamagata

A campanha de José Serra está cada vez mais hilariante. Um candidato sem prestígio, sem argumento e sem apoio. O que se vê, é uma campanha em pleno declínio, uma campanha letárgica, cujos desdobramentos tem sido piores do que os capítulos anteriores.
Serra conseguiu o apoio do PTB e do cassado Roberto Jefferson. Muitos teriam feito a leitura de algo positivo, afinal, não está fácil compor com os poucos partidos que restaram. No entanto, o que poderia significar uma bóia de salvação, acabou se tornando um paralelepípedo em pleno naufrágio no meio do oceano.
E os fatos ocorreram da pior forma possível. Jefferson abriu o bocão e antecipou a todos a candidatura de Álvaro Dias à vice na chapa. Não satisfeito, ainda postou em seu twitter uma mensagem dizendo: “o DEM é uma merda”. Depois ele deletou a mensagem. Seria melhor se tivesse ficado calado. Bem, pelo menos o Jefferson disse a verdade...
As mensagens demoníacas de Jefferson atingiram grande parte do alto escalão do DEM. No entanto, tais declarações não só comprometem a candidatura de José Serra, mas também expõe as fraturas do velho partido aliado dos tucanos.
A candidatura de Serra está levando o DEM a uma verdadeira crise de identidade. Algumas lideranças do DEM já se preocupam com a diminuição no número de cargos em todo o país e já avisaram que a aliança demo-tucana pode ser a última. Em 1998, o DEM contava com 105 deputados federais; em 2002, elegeu 84; e em 2006, 65 deputados. A próxima derrota de Serra pode significar uma nova estratégia sobre as alianças e apoios. Alguns já pensam em fundar um novo partido (ou re-refundar um novo partido, pois o DEM já foi PFL).
Recentemente, o vereador Carlos Apolinário do DEM de São Paulo teria declarado apoio à Mercadante em São Paulo. Soma-se a isso, a tentativa de “passa moleque” que foi dado à Kassab nas eleições de 2008, onde Alckimin lançou candidatura à prefeitura de São Paulo, não apoiando a reeleição de Kassab. Possivelmente, os demos, ou pelo menos a turma do Kassab, não apoiará fervorosamente os tucanos em São Paulo.
Como em política quase tudo é possível, não nos assustemos se caso em 2011 tivermos um governo composto com o DEM na base aliada. Pode parecer impossível, mas quais os partidos que hoje são aliados que não se julgavam impossíveis?
Nesta situação, resta-nos questionar: e o que será do PSDB? E o que será se não obtiver sucesso e a continuação em estados importantes como São Paulo e Rio Grande do Sul?
Aproveitando-se dessa fragilidade dos adversários, Dilma deslancha, articula, visita os estados, presidentes e ganha palanque em diversas convenções. Há de se lembrar que a campanha nem sequer começou... E ainda, Lula nem pediu o apoio à Dilma na televisão.
Enquanto isso, o principal adversário de Dilma, José Serra, come pipoca, assistindo o jogo do Brasil em alguma cidadezinha do interior do país... Bucólico!
Postado por Douglas Yamagata