sábado, 12 de dezembro de 2009

Comparada com a de Yeda a fraude no DF é amadora, diz presidente da CPI

“A fraude no Distrito Federal é muito menor e muito mais amadora do que no Rio Grande do Sul”, afirmou a presidente da CPI da Corrupção da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputada Stela Farias (PT), revelando que as fraudes no governo Yeda Crusius (PSDB) podem atingir R$ 500 milhões.
A deputada disse que “aqui o esquema é muito mais organizado, descentralizado, com várias frentes de ação e com proteção (dos operadores) por parte de agentes públicos”.
Com base nas investigações realizadas pela Polícia Federal e acompanhadas pelo Ministério Público Federal durante a Operação Solidária, a CPI teve acesso ao inquérito de 3.500 páginas, com 84.000 grampos de conversas telefônicas e mais 3.000 e-mails interceptados. “O dinheiro servia para três finalidades: caixa 2 de campanha, financiamento de partidos políticos e enriquecimento ilícito”, resumiu Stela Farias.
Foram citadas como superfaturadas as obras das barragens de Jaguari e Taquarembó, das estradas RS-494 e RSC-471, da BR-392, além de obras de saneamento básico nos municípios de Canoas, Esteio, Viamão, Alvorada e Gravataí realizadas pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan).
A CPI elenca entre os pivôs das fraudes o ex-secretário de Canoas, Chico Fraga, apontado como o elo entre as fraudes nas operações policiais. Fraga, dono de 25 imóveis e 14 automóveis de luxo, seria o encarregado da cobrança e da partilha das propinas.
Rogério Porto, secretário da Irrigação de Yeda, também está implicado, assim como a ex-assessora da tucana, Walna Menezes, e a ex-secretaria-adjunta de obras, Rosi Bernardes. Walna seria a responsável por fazer a ligação entre o gabinete da governadora, a lobista Neide Bernardes e Chico Fraga.
O fio da meada para a investigação policial da Operação Solidária foi a licitação burlada para a merenda escolar contratada pela prefeitura de Canoas, na época governada por Marcos Ronchetti, do PSDB, que também foi denunciado.
“Vimos, no máximo, um terço da documentação”, falou Stela. “E temos de falar de forma cifrada, não podemos abrir mão tudo por causa do sigilo”, completou.
A Operação Solidária nasceu logo após a conclusão da Operação Rondin (novembro de 2007) que prendeu 13 pessoas envolvidas na fraude do Detran-RS. Inicalmente tratadas como casos separados, as investigações revelaram haver conexão entre as duas.